Insurgência: uma homenagem aos combatentes de 7 de setembro
- Thais Degiovani
- 3 de mar. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de jul. de 2024
Exaustão dos nossos corpos às duas da manhã após nove horas de combate ao fogo, enquanto imagino a preparação dos desfiles bélicos e bandas marciais de um 7 de Setembro com poucos significados reais. Bandeiras de libertação que perderam o sentido enquanto apagamos na tora o incêndio no Cerrado. Cedo ou tarde, ele que vem torrando as nossas florestas ao norte chegariam ao altiplano goiano com hostilidade abraçado pelo desamparado político do qual somos acometidos nesses tempos.

Dessa vez, surgiu na beira de uma cascalheira, na estrada perto do pé da serra que dá para o Vão do Catingueiro, lambendo as fazendas dentro de proprietários que se recusaram a realizar os manejos adequados no período chuvoso, agora ameaçando o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, territórios tradicionais e tantas outras terras.
Analfabetos ambientais.
As inúmeras grotas sofriam mais, o fogo queimava as matas de galeria transpassando as copas das árvores formando verdadeiros fornos, um envoltório de calor que me fez sentir um pouco do drama da fauna encurralada, desorientada, esturricada.
Inocência.
Silenciosos, os combatentes uivavam a cada linha de fogo extinto e mais sentiam sede do que fome, sob uma lua que não exigia muito das lanternas além da vermelhidão esfumaçada das labaredas em buritizais, tabocais, campos de endemismo milenar. Quanto mais adentrava orientado pelas chamas, mais perdia os sentidos de direção onde tudo é noite, tudo é cerrado, tudo é fumaça, e as minhas referências eram as inúmeras partes de grotas secas lambidas pelas chamas.
Fogo antrópico.
Finalizo esse relato com a certeza de que as verdadeiras bandeiras, os reais significados e o protagonismo não é alegórico, mas atuante, rasgado de cipó, repleto de fuligem e carvão, cansado, com fome e sede sob o luar rajado de fumaça no horizonte. O dia de hoje é uma homenagem aos brigadistas florestais do nosso país.
(Foto e texto por Filipe Mendes)




Comentários